Leonor de Castela: a esposa do Rei fiel
Escrever sobre Leonor de Castela é um desafio tremendo, por haver informaçoes escassas e tanta confusão em sua historiografia. Em Agosto do ano passado eu tive a oportunidade comprar uma biografia renomada dela em Madrid, mas uma série de eventos (e aquela velha historia de ‘amanha eu passo’ ) resultaram que eu nao consegui leva-lo para casa, para minha grande frustração. Podem ter certeza que o remorso me consumia enquanto escrevia cada linha desse artigo. Mas vamos lá.
Leonor
foi uma esposa brilhante. Por ser uma rainha inglesa nascida na Peninsula
Iberica (coisa não tão comum, foram apenas quatro: ela, Berengália de Navarra,
Catarina de Aragão e Catarina de Bragança) e por ter vivido algo mais proximo
de um ‘relacionamento amoroso’ do que muitas de suas precessoras e sucessoras.
Leonor teve 16 (ou 14, os historiadores se bagunçam muito quando o assunto é
esse. Filhas como Blanche e Alice surgiram apenas depois de 1600 e não há muito
certificação de sua existencia) filhos e não desgrudava do marido, marcando
presença até mesmo nas Cruzadas. Esposa e rainha dedicada.
Nascimento
e infancia:
Leonor nasceu em novembro de 1241, em Burgos. Seu pai era
Fernando III de Castela e sua mãe Jeanne de Demmartin, a segunda esposa de seu
pai, que calhava por ser a herdeira do condado de Pontieu. Não existe
praticamente mais nenhuma evidencia sobre a sua infancia. Sabe-se apenas do seu
amor pela literatura por manuscritos escritos depois que já atingira a vida
adulta, que falam que ela era educada e literada.
Os arranjos de seu casamento com o Principe Eduardo foram
feitos devido uma disputa pela Gasconha. O rei Henrique III tentava mante-la a
todo custo (a Inglaterra ja tinha perdido parte do dote de terras trazido com
Eleanor da Aquitania) e o pai de Leonor decidiu reinvidica-la baseado em
direitos dos ancestrais. Para promover a paz ficou então decidido que Leonor se
casaria com Eduardo, que seria o herdeiro da Gasconha e feito cavalheiro de
Castela pelo rei.
Os conturbados anos como Princesa de Gales:
Eduardo tinha 14 e Leonor 13, ambos casados no monasterio de
Las Huelgas, em Burgos, no dia 1 de Novembro de 1254. O primeiro ano se passou
na Gasconha, onde Eduardo aprendia a governar. Dizem que o laço que os unia
surgiu através do fato de terem sido “criados”para a vida real juntos, ainda
muito novos. De qualquer forma, existem boatos que a princesa, com 14 anos,
tivera um natimorto nesse primeiro ano. Talvez por ter sido um parto dificil
(14 anos ainda é uma criança né gente, vamos combinar) os proximos herdeiros só
vieram um tempo depois. Eles voltaram para a Inglaterra mas poucos anos depois
esiveram de volta no continente atraindo soltados de Pontieu para defender a
coroa inglesa, ameaçada por alguns nobres ingleses em rebelião. Após seu marido
ser capiturado no campo de batalha, Eleanor ficou em custódia na Abadia de
Westminster, onde carecia de dinheiro e provisões.
Eduardo fugiu da prisão e tomou o poder na batalha de
Eversham em 1265. Eleanor ja estava em alta no conceito do marido, pois daria a
luz ao pequeno João em 1266. Outro bebe, Henrique, nasceu em 1268 e uma menina,
Eleanor, surgira em 1269.
As Cruzadas:
Em 1270, Eduardo resolveu levar sua esposa consigo nas
Cruzadas. Durante sua passagem pela Palestina, Leonor deu a luz a uma filha
chamada Joan. Seu marido fora atacado por uma flecha envenada e há uma historia
em que a princesa chupou todo o veneno, procurando salvar sua vida. O relato é
logicamente um mito, mas serve para mostrar quanta devoção o casal possuia
mutuamente. Alfonso nascera também em terras estrangeiras. Entretanto tudo
mudara na volta da Guerra. O rei Henrique III havia morrido e seu marido agora
era o rei da Inglaterra.
O relacionamento com o Rei (sendo Rainha):
Durante sua existencia, o casamento não fora visto com bons
olhos, em partes por ela ser estrangeira e ter trazido tropas do exterior para lutar com ingleses há anos
atras. Entretanto, Eduardo e Leonor parece terem sido dedicados e fiéis uns aos
outros: ele é conhecido por ser um dos raros reis que nao teve casos com
amantes ou filhos ilegitimos. Ela viajava com ele o tempo todo, inclusive nos
tempos de guerra. Tiveram inclusive um filho no campo de batalha: Eduardo de
Caernafon, mais tarde conhecido como Eduardo II, o homem de inumeros amantes e
que perdeu a coroa para o exercito de sua esposa ressentida.
A essa altura, ela já era extremamente criticada por ser uma grande dona de terras. Sua renda anual era altíssima e os nobres não entendiam o porque do Rei doa-las a mulher que já era sua esposa e já possuia muitas outras. Deduziam que ele as doava como um afazer, para que ela não se intrometesse nas questões políticas. Diferente de rainhas como Elizabeth Woodville ou Margaret de Anjou, a influencia política sob Eduardo parecia ser praticamente nula. Seu único afazer era gerenciar a educação das crianças e administrar suas terras. De qualquer forma, a nobreza se sentia ameaçada e há quem afirme que ela não fora tão popular como se deduz que era nos dias de hoje.
Seus gostos e personalidade:
Com o marido, na Catedral de Lincoln. |
caçar e possuía muitos cavalos e cachorros, além de ter trazido sua própria tapeçaria de Castela. Os jardins ingleses ganharam forma e decoração com agua (como fontes) graça a sua influencia ibérica.
Ultimos anos:
Ela era uma mulher saudável, entretanto, sofrera muito nos últimos três anos de sua vida. Há quem diga que contraíra malária, outros tuberculose, o fato é era cada vez mais complicado para uma mulher debilitada ficar viajando, mas ela continuou o fazendo. Ela sentia que seu fim estava próximo e tratou de deixar tudo conforme gostaria: arrumou o casamento das filhas Joan e Margaret e iniciou
as negociações do enlace de seu filho Eduardo com Margarida da Escócia (herdeira reinante). Além disso, começou a construir um túmulo para seus restos mortais. No verão de 1920 ela iniciou um tour por suas propriedades mas foi obrigada a interromper, nesse meio tempo, chamou seu filhos para que se despedissem.
as negociações do enlace de seu filho Eduardo com Margarida da Escócia (herdeira reinante). Além disso, começou a construir um túmulo para seus restos mortais. No verão de 1920 ela iniciou um tour por suas propriedades mas foi obrigada a interromper, nesse meio tempo, chamou seu filhos para que se despedissem.
No dia 28 de Novembro de 1290, Leonor de Castela morreu, com seu marido ao lado. O homem que passara trinta e seis anos juntos, agora se via sozinho pela primeira vez. Mais abalado do que nunca.
O retorno para casa durou 17 dias e toda noite que eles paravam, Henrique mandava construir uma estátua da rainha com uma cruz. Os 17 monumentos conhecidos como "as cruzes de Leonor" ainda existem em alguns locais da Inglaterra. Símbolos que representam que sentimentos como o amor podem durar para sempre.
Abaixo, algumas das "Cruzes de Leonor" que existem até os dias de hoje:
Abaixo, algumas das "Cruzes de Leonor" que existem até os dias de hoje:
Bibliografia:
http://abitofhistory.net/html/descendants/eleanor_of_castile.htm
Muito obrigada pelo artigo. Graças ao seu trabalho, conheci esse lindíssimo casal ano passado.
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