Book Review: Guerra das Rosas - Pássaro da Tempestade


Iniciaremos a primeira #BookReview do blog.
Para iniciar, ponderamos na crítica dos clássicos romances Plantageneta: Gregory, Plaidy... Porque não a própria Alison Weirr? Entretanto, numa conversa entre amigos leigos e desligados em relação ao estudo da história percebi que muitos adquiriram o volume I da obra de Conn Iggulden sobre a Guerra das Rosas: "Pássaro da Tempestade". Então porque não iniciar por uma obra que recentemente atraiu tantos leitores? 

Encontrar Igguden traduzido numa livraria de bairro não me surpreende: num mundo onde a literatura fantástica medieval do gênero Game of Thrones enche as prateleiras não seria difícil encontrar algo relacionado a guerra que em partes inspirou a série que se tornou um fenômeno (além de uma máquina de dinheiro). Mas mãos a obra, vamos para Igguden.

Sinopse:
Quando o rei Henrique VI enfim ocupa o trono da Inglaterra, todo o reino fica abalado. Sua saúde fraca e sua falta de coragem e braveza ficam aparentes e, dessa forma, é responsabilidade de seus homens de confiança garantir a segurança da Coroa. A pedido de Henrique, o espião-mor Derry Brewer e William de la Pole, duque de Suffolk, propõem um armistício com a França através de um casamento arranjado com Margarida de Anjou, jovem da nobreza francesa. Porém, nem todos veem esse acordo com bons olhos, e assim nasce uma conspiração, liderada por Ricardo Plantageneta, duque de York, que deseja destronar o rei e ocupar seu lugar. É o início de um período sangrento na Inglaterra, uma guerra civil com alianças e traições na qual a morte está sempre à espreita.


O livro inicia com uma espécie de prólogo que narra a morte de Eduardo III, cujos descendentes causaram a Guerra das Rosas gerações depois. Para quem tem um conhecimento prévio de tal acontecimento torna-se simples a interpretação, mas quem não entende as raízes da guerra se perde - um de meus amigos disse que gastou um belo tempo vasculhando na árvore genealógica a ligação entre os monarcas. A história propriamente dita se inicia, de qualquer forma, introduzindo as personagens centrais e aí surge uma coisa a qual me incomodei: a personagem principal é um espião fictício. Com tantas figuras de histórias interessantes e inexploradas que deslizaram sorrateiramente entre os acontecimentos da época, Iggulden cria o "invencível" Derry Brewer, um suposto braço direito da Casa de Lancaster de nascimento baixo que consegue tudo o que quer com suas qualidades excepcionais. Está aí outra coisa que me irritou sobre a personagem.    


Se por um lado lemos em Phillipa Gregory a valorização da casa de York, em "Pássaro da Tempestade" vemos um lado extremamente Lancaster: uma Margaret de Anjou sofrendo injustiças com a morte de seus aliados (abençoado seja Willian de la Pole) e uma demonização de Ricardo, duque de York. Entendo que todo romance precisa de um antagonista, mas o partidarismo do livro é excessivo: tanto no ramo ideológico quanto nas preferências do autor, por exemplo, sabemos que os arqueiros ingleses eram famosos por suas habilidades mas é desnecessária a posição de Iggulden rasgando elogios a tal posição diversas vezes, em vários parágrafos.
Conn Iggulden com sua obra.


Se espera ler um livro sobre as maquinações políticas da época é capaz também de se frustrar: pouca política é retratada, enquanto cansativas batalhas são narradas minuciosamente em várias páginas. Logo, se é um fã mais de espadas do que de penas, este é o livro certo pra você. De qualquer forma, nenhuma das batalhas retratadas foram as da Guerra das Rosas: o primeiro volume trata dos fatores que levaram a disputa, logo, temos conflitos contra a França e a rebelião de Jack Cade, apenas. Nada de ingleses x ingleses ou Lancasters x Yorks, pelo menos não diretamente. 
Mas em um ponto temos que concordar, o autor fora inteligente em escolher como tema a rebelião camponesa, até mesmo porque há pouco material que a descreva, o deixando livre para utilizar sua licença poética e escrever o que quiser. Nas notas ele cita o que realmente modificou mas não se pode ter certeza de nada. 

As personagens, por sua vez, são rasas. Com exceção de Margaret de Anjou e o próprio Jack Cade não há muita emoção demonstrada. Margaret tornou-se inevitavelmente a minha personagem favorita, talvez pela posição a qual o autor a colocou. Ele conta trechos de sua infancia e caminha pela sua vida até ela tornar-se a rainha em crise a qual conhecemos - mas de uma maneira diferente, sendo retratada como uma adolescente insegura, que recebeu maltratos dos pais e dos irmãos encontrando refúgio no duque de Suffolk, a quem vive uma espécie de paixão platônica, seu unico amigo de verdade na corte. Ignora-se outras personagens importantes na sua vida, como por exemplo (a queridinha de Phillipa Gregory) Jacquetta Woodville, que também fora sua confidente e amiga próxima. Também não concordo plenamente com sua vitimização, acredito que seu pai ou seu tio (rei da França) com certeza já haviam lhe dado dicas da instabilidade de seu marido. De qualquer forma, é sempre bom ler algo traduzido sobre a adolescência de Margaret de Anjou. A ideologia e a dor de Jack Cade, que perdera seu filho e iniciara uma revolta sangrenta também é bem explorada.


Para finalizar, o autor peca em alguns fundamentos cruciais, como por exemplo, o uso de prédios do governo que foram construídos apenas séculos depois ou aparição das personagens em locais que seriam impossíveis de estar, devido o contexto. A leitura pode entreter os mais leigos, mas incomoda quem entende um pouco mais sobre o período. O próprio título "O Passáro da Tempestade" ainda é um mistério para mim. Vasculhei o livro, pesquisei em fóruns na internet mas parece que Iggulden não dá nenhuma explicação congruente sobre o nome. Deduzi que descreva a sua heroína, Margaret de Anjou, o pássaro que supostamente viria para trazer paz entre os ingleses e os franceses, mas que eclode em guerra. Ou até mesmo seu amadurecimento. Realmente, se tiverem alguma dica do que signifique isto, me avisem.

Ficha técnica:




































Um comentário:

  1. É muito interessante a história da Guerra das Rosas e as guerras pelo poder travadas entre a família Lancaster e York.

    Abraços!

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