Rosamund Clifford: a Rosa do rei Henrique II




A vida do rei Henrique II é uma das mais fascinantes de todos os reis Plantageneta, principalmente devido as mulheres a quem ele fora associado. Sabemos que uma dessas, Eleanor de Aquitânia, era uma figura enérgica e altamente política nas maquinações das cortes da França e na Inglaterra. A outra fora uma mulher que Henrique fizera o seu melhor para manter em segredo: "a justa" Rosamund Clifford.

Quem fora Rosamund? 
Seu pai era Walter Clifford, um nobre que ocupava uma casa fortificada no Vale Wye, onde as águas do rio Wye desembocava do País de Gales para a Inglaterra. Ele adotara o nome Clifford depois de tomar a propriedade do Castelo de Clifford. Ela nascera antes de 1150, exatamente quando, não se sabe, mas fora uma das pelo menos seis crianças. Diz-se que quando jovem fora enviada para Godstow, perto de Oxford, para ser ensinada pelas freiras, mas estudos modernos sugerem que sua única ligação com o local fora o seu sepultamento, uma vez que sua mãe possuía um jazigo lá.

Quando ela conhecera Henrique?
Fair Rosamund
John William Waterhouse, 1916
Public Domain
É possível que os dois tivessem se encontrado ainda jovens e que seu caso de amor começara antes de Henry tornar-se envolvido na política da França e da Inglaterra?Se a diferença de idade era de fato dez anos, parece improvável que os dois teriam se conhecido, visto que o rei nascera em 1133, sendo enviado de Anjou para Bristol em 1142. Isto pode até o colocar convenientemente perto do Castelo de Clifford nos pântanos galeses, mas Rosamund provavelmente nem havia sequer nascido. Henrique voltou para a Inglaterra em 1147 mas, novamente, a garota deveria ser uma criança pequena a aquela altura. Embora não haja uma data precisa de quando ela nasceu, foi dito em sua morte, em 1176,  não ter mais de trinta anos de idade, o que sugere uma data de nascimento de 1148 +/- 2 anos.Henrique nasceu em Le Mans, na França, tendo uma juventude bastante tumultuada. Era dito que ele possuia uma energia ilimitada, Herbert de Bosham até mesmo comparou-o com uma carruagem humana, metaforizando o habito de carregar tudo em suas costas. Era um homem rápido para explorar qualquer oportunidade dada e não perdeu tempo em 1152, ao tomar a mão de Eleanor de Aquitânia, uma vez que ela se divorciara do primeiro marido. Ele tinha apenas 19 anos de idade, sendo Eleanor onze anos mais velha que ele.
Assim, aceitando que é improvável que Henrique e Rosamund tenham se conhecido antes dele se casar com Eleanor, quando é que os dois amantes se cruzaram? Alguns relatos dizem que os dois se conheceram quando a rainha estava grávida do último filho do rei, João, em 1166. Henrique tinha em torno de trinta e três anos de idade e Rosamund vinte e três, e eles provavelmente teriam se conhecido próximo de Woodstock, durante confinamento de Eleanor, mas ainda há duvidas sobre a exata localização do encontro.
As ruínas da "casa" de Rosamund, no Blenheim's Great Park.

O relacionamento com o Rei
Acredita-se que Rosamund estava de passagem pelo palácio de Woodstock, quando Eleanor deu à luz a João, e que Henrique se apaixonou por ela durante a gravidez da rainha. Ainda existem aqueles que especulam que fora até mesmo uma das damas da corte, uma vez que seu nascimento não extremamente inferior.Henrique tomara durante muito tempo um cuidado imenso para manter Rosamund em segredo, e uma vez que até então havia mostrado pouca consideração por suas outras amantes, podemos supor que a jovem galesa significara muito mais que as outras para ele. A Rainha Eleanor, apos ter dado ao rei oito filhos, decidiu retornar a França, deixando o campo aberto para o caso entre Rosamund e Henrique florescer.Com certeza a ausência da Rainha havia facilitado o relacionamento de ambos. Dado o quanto Henrique viajava é extremamente provável que a jovem fazia parte de sua comitiva e talvez, neste ponto, o caso pode ter se tornado óbvio para todos.O rei criara uma casa para Rosamund na residência real em Woodstock. Não um palácio, mas uma casa para encontros. Anteriormente, é dito que já havia construído jardins para Eleanor ao redor da casa, completando a obra com um pavilhão e um labirinto. O labirinto tornou-se parte dos mitos e lendas que cercam Rosamund, sendo que provavelmente sequer existira, sendo fruto da mitologia ao confundido com o denso jardim. A lenda ainda diz que a propria Eleanor, numa crise de ciúmes, havia procurado a amante no labirinto, guiando-se através de um fio de seda e forçando-a a escolher os meios de sua própria morte: um punhal ou uma taça de veneno. Diz-se ainda que Rosamund escolheu veneno, mas a cena não passa de um mito. A única veracidade da história é provavelmente o fio de seda, mas que surge numa ocasião completamente diferente: o rei, após a sua morte, quis ter alguma ligação com o local de sepultamento da esposa, transferindo o padroado do convento de outro nobre para ele mesmo. Durante a cerimônia de transferência fora utilizado um pano de seda, mais tarde adaptado para um "fio de seda" nos relatos. Taí a relação de Rosamund com o tecido. 

Os filhos do casal 
Maude Fealy como Rosamund na peça Becket de 1905.
Não existe nenhuma evidencia ou relato de que eles tiveram filhos, abrindo possibilidades para o fato de ela nunca ter engravidado, ou ter perdido todas as supostas crianças, além da existencia de natimortos. Entretanto, não há nenhuma evidencia que um filho deles possa ter existido. Posteriormente, foi criada uma teoria em que dizia que Rosa era a mãe de Geoffrey Plantageneta, bastardo de Henrique que se tornara Arcebispo de York, ou de William Longspee, Conde de Salisbury, mas é impossivel ela ter gerado o primeiro, uma vez que eles apresentam pouca diferença de idade, e a maternidade de Salisbury era conhecidamente atribuída a dama Ida de Tosny.

Morte e sepultamento 
Rosamund morreu antes de seu trigésimo aniversário, em 1176. Sua morte é, como já comentamos acima, normalmente atribuída a Eleanor, entretanto, é completamente errônea. A primeira sugestão surge apenas no século 14, anos após sua morte e sugeria que ela havia simplesmente apenas esfaqueado Rosemund. A história aumentara na Renascença, ao incluírem a escolha entre veneno e a faca. A propaganda Vitoriana também é responsável pelo "renascimento" e reforço do mito, com um fundo machista e moralista, para "educar" as esposas, uma vez que coloca como vítima a submissa e injustiçada amante, em contraste a Eleanor, a monstruosa e assassina terrível, a esposa ciumenta. O recado dos homens para suas esposas então era: não sejam como Eleanor. 

Ao contrário do que dizem muitas historias sobre ela, não há evidencias que o rei tenha pago pelo seu sepultamento, uma vez que sua família já possuía um jazigo no convento de Godstow. Ele apenas se incluíra no patronato, como lemos anteriormente, embora isso tenha visto por muitos também como um agradecimento, uma vez que seu túmulo fora reposicionado em frente do grande altar, um local de honra. Infelizmente, 15 anos depois, o bispo Hugo de Lincoln fizera as freiras removerem o túmulo para fora da igreja, uma vez que era inapropriado uma "prostituta" para ser enterrada lá.
Seu túmulo então fora movido para a capela das freiras, onde fora visitado até destruído durante a dissolução dos Monastérios, por Henrique VIII. 

Fair Rosamund and Queen Eleanor by Frank Cadogan Cowper, 1920.

O legado de Rosamund Cliffort
Era dito que as cantigas e inscrições inglesas do latim, que fazem referencia ao latim do nome "Rosa Mundi" (rosa do mundo) ou "Rosa Mundi" (rosa pura), foram escritas para ela, entretanto, foram epítetos criados em homenagem a Virgem Maria. É provável que Rosamund Clifford fora nomeada (de forma criativa, uma vez que o nome não era tão popular assim na época) em honra da Virgem, e que as inscrições vieram da mesma fonte de cultura geral. 
Entretanto, é provável que, por outro lado, a flor galesa "Rosa Mundi" tenha sido batizada em sua homenagem, uma vez que sua lenda era extremamente popular na Idade Média. Talvez assim como os epítetos, tenham sido em homenagem da Virgem, mas uma vez que seu legado já era extremamente reconhecido na época, é justa tal atribuição. 

Sua história tornou-se uma lenda que sobrevivera a séculos, mesmo com escassas informações a seu respeito, o que atrai e aguça ainda mais o imaginário das pessoas.  Ela é lembrada na poesia e em escritos, sua suposta beleza inspiraram muitos pintores. Ela compartilha um lugar de visibilidade na história, como talvez a primeira impactante de muitas outras famosas amantes reais, tais como Alice Perrers ou Jane Shore. Elas permanecem enigmas, cercadas por mitos e lendas ao longo que suas histórias ainda são constantemente relatadas. 
  
Bibliografia: 
http://www.intriguing-history.com/fair-rosamund/
http://blog.oup.com/2014/09/eight-myths-fair-rosamund/
http://englishhistoryauthors.blogspot.com.br/2014/10/fair-rosamund-mistress-of-henry-ii.html



 

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