O Natal na corte do primeiro Rei Plantageneta


O Natal está chegando, e com ele, os presentes, músicas e festividades. Se você é daqueles que já detesta passar a ceia com a família, pense que poderia ser pior: imagine se fosse Henrique II e tivesse que celebrar com seus filhos que mais tarde se declararam abertamente em Guerra Civil contra você, seu Arcebispo/ex-melhor-amigo que estava sempre em pé de guerra, ou sua adorada esposa anos mais velha, que fizera questão de incentivar os filhos a tirarem a sua coroa. Sim, nessa fantástica data comemorativa, vamos mergulhar nos natais do século XII dos primogênitos da dinastia Plantageneta.

Arvores de Natal, decoração e...
Na corte do seculo XII, já havia no Salão Principal a tradicional decoração com pinheiros. Também poderia haver a presença de vegetais culturalmente Nórdicos e Celtas como hera, visco e azevinho, o segundo mais tarde banido pela Igreja uma vez que suas origens eram supostamente pagãs. O principal era a cabeça de Javali, que ficava em cima da mesa da alta nobreza, oferecida pelo chefe da mesa, ou seja, o rei.

Presentes...
Não haviam presentes. Estes só eram dados no dia do Ano Novo.

Diversão, comemoração e...
Deveres religiosos. Afinal, era o nascimento de Jesus Cristo a ser celebrado. Missas especiais e festivais eram obrigatórios. Mas além de tudo isso, também era chance de socializar. Enquanto a corte de Henrique II e Eleanor era mais elegante e com protocolo, a de seu filho, o Jovem Rei, era um tanto mais... descontraída. No seu primeiro Natal como chefe da mesa, por exemplo, ele decidira excluir todos os Williams da lista de convidados, simplesmente porque achava divertido o fato de este ser um nome muito popular. O resultado fora mais de 100 nobres excluídos da ceia, e seu pai descontente com a irresponsabilidade do filho. No ano seguinte, fora acusado pelos cronistas por ter convidado uma espécie de Bobo da Corte, que arrotava e soltava pum a mesa, além de outros 'mercenários, prostitutas e dançarinos'. Independente da veracidade do relato, é inegável que as ceias do Jovem Rei deveriam ser um tanto quanto animadas. 

Os Natais polêmicos e eternizados do primeiro rei Plantageneta:

O Natal de 1170 (e a ordem de assassinato de Thomas Becket).
Thomas Becket era na ocasião o Arcebispo de Canterbury, indicado pelo rei. Entretanto a relação entre eles esfriara com a dedicação do ex-chanceler ao cargo, e fora durante a noite de Natal de Bures, na França, que Henrique recebera a noticia que Thomas se recusava a quebrar a excomungação de alguns dos seus apoiadores. O resultado fora que o mal temperamento do rei o levou a soltar frases fortes e mal-entendidas (ou não), por seus cavalheiros, que interpretaram como um mandado para matar o antes tão fiel companheiro de seu monarca. Thomas Becket fora assasinado pelos mesmos e três anos mais tarde canonizado como São Thomas. Para a dor na consciência de Henrique. 

O Natal de 1171 (como um excomungado na Irlanda).
Após a polemica ordem papal, Henrique decidiu deixar Londres e viajar rumo a Irlanda, para lidar com alguns vassalos um tanto quanto rebeldes. Durante as comemorações de Natal os islandeses se escandalizaram com a quantidade de comida consumida pela sua corte e alguns pratos como cisnes e pavões, considerados nojentos para os vizinhos da Inglaterra.

O Natal de 1182 (com a família reunida, ou nem tanto).
Esse com certeza é o meu favorito. Apos os primeiros indícios de rebelião, Henrique convocou para a ceia seus filhos também Henrique (o Jovem Rei), Ricardo (Coração de Leão) e Geoffrey, conde da Bretanha. Eleanor, sua esposa, fora banida, estando presa devido influenciar seus filhos contra o pai, em Guerra Civil. Chamaram mais de cem cavaleiros e soldados para preencher o local da rainha.  

Tudo conspirava para um possível fracasso. Pra começar, o camareiro do rei, cuja função era lavar as mãos deste antes de jantar, ficou ofendidíssimo ao ver outro criado praticando a ação. Ficara tão nervoso e que avançara e arremessara a tina de água, tirando-a do alcance do empregado e do próprio rei, atraindo o olhar de centenas de pessoas. Ele fora afastado do cargo.

Poucas horas depois disso, William Marshal, importante cavaleiro do Jovem Rei decidira que aquela era a hora mais ideal para se importar publicamente com os rumores que circulavam entre um suposto caso envolvendo sua esposa e um campeão do Rei. Ele pedira para Henrique um combate contra este, para defender sua honra, mas o monarca, provavelmente muito ocupado com o clima péssimo que pairava sob sua família naquela ceia, mal deu-lhe atenção. Revoltado e ofendido, William deixou o banquete na metade, levando consigo toda sua comitiva. 

Uma coisa que não podemos mais duvidar, nessa altura do campeonato, é do talento de Henrique em cutucar ninho de vespas. Mais cedo, ele havia prometido a seu filho mais velho, o Jovem Rei, que este de fato herdaria a Inglaterra e a Bretanha. Por sua vez, Ricardo (o Coração de Leão), levaria consigo a Aquitânia de sua mãe, contanto que pagasse seus próprios encargos para o rei da França. Acontece que Henrique decidira incluir uma clausula no acordo durante o jantar, que previa o pagamento de taxas também para o próprio Jovem Rei. Ricardo não aceitara e se revoltara, deixando a corte de imediato enquanto jurava se preparar para futuras batalhas contra o pai.

Parece que não fora um Natal tão feliz assim.  

Bibliografia:
http://henrytheyoungking.blogspot.com.br/2012/12/henry-goes-christmasing.html
https://e-royalty.com/articles/christmas-with-the-plantagenets/


Um comentário:

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