Os bebês reais Plantagenetas: nascimento e batismo

julho 21, 2015 , , 0 Comments


É com felicidade que acompanhamos no começo do ano o duque e a duquesa de Cambridge tendo seu segundo filho real. Sua Alteza Real nasceu cercada pelos melhores médicos em um dos melhores hospitais em Londres. Mas quão diferente o parto foi por suas contrapartes reais medievais de séculos atrás. Naquela época, o trabalho de parto era de domínio exclusivo das mulheres. Não haviam médicos em nenhumas das etapas: os homens eram banidos. Em vez disso, as mulheres responsáveis pela saúde da mãe e do bebe eram as parteiras (midwifes), que não possuíam nenhum treinamento formal ou acadêmico, como seria esperado nos dias hoje. Todas as suas habilidades eram adquiridas através do auxilio a experientes e mais velhas parteiras, sendo sempre pagas pelos seus serviços. Esperava-se que as rainhas dessem à luz seguindo uma longa lista de elaborados protocolos reais. Por exemplo, cerca de um mês antes do previsto para o bebe nascer, a rainha se retirava da vida pública e de seu marido, e era transferida para uma câmara de resguardo. Ela ficava lá por seis semanas após o parto até que se "purificasse" e pudesse retomar a sua vida pública, incluindo as relações sexuais.

A rainha poderia escolher como seria sua câmara de resguardo que era tipicamente diferente do seu quarto. Na preparação, as janelas ficavam fechadas, o ar fresco não era permitido (isso poderia prejudicar o bebê). Ricas tapeçarias com cenas piedosas ou serenas eram pendurados no teto, nas paredes e nas janelas e o quarto era mantido escuro. O fogo era aceso independentemente da temperatura exterior. Juncos frescos e ervas cobriam o chão para manter no quarto um cheiro agradável. Devia ser sufocante! (Um pouco de ar fresco teria feito maravilhas.)

Para aliviar a escuridão, uma tapeçaria poderia ser removida de uma janela, se a senhora desejasse um pouco de luz. Caso contrário, seria utilizada uma lâmpada de velas e a cama deveria ser esplêndida o suficiente para reconhecer o posto da sua senhora. Uma elaborada cerimônia acompanhada de outras ladies nobres era feita para que a rainha iniciasse o resguardo. A missa continuava a sendo realizada na capela do palácio, entretanto, a nova mãe real era dada a comunhão. Na Idade Média, os leigos (aqueles que não faziam parte da igreja) não recebiam regularmente comunhão. Na verdade, eles só o recebiam no dia de Páscoa ou se sua vida estava em perigo. Desde que o parto era considerado perigoso, a nobre senhora recebia a comunhão na cerimônia de entrada ou momentos antes do nascimento. Estima-se que 1 em cada 5 mulheres da Idade Média morriam ao dar à luz ou de febre do parto: uma em cada dez crianças nasciam mortas e uma em cada seis morriam antes de seu primeiro aniversário. Para completar, um terço das crianças nascidas na Idade Média morriam antes de seu quinto aniversário. 
Um exemplo é Maria de Bohun, a primeira esposa de Henrique IV que morreu logo após o parto... e ela tinha dado Henry seis filhos saudáveis. 


Após a cerimônia, a senhora ficava na camara de resguardo junto da parteira e algumas de suas companheiras do sexo feminino para aguardar o nascimento. Na verdade, era usual ter um número de amigas e parentes (incluindo, frequentemente, sua mãe, se esta estivesse no país e sogra) para compartilhar e ajudar no resguardo de uma rainha. A porta externa ficava trancada. Comida e bebida eram entregues. Os sacerdotes eram ordenados a orar por um parto seguro e o rei esperava por seu filho e herdeiro fora da câmara. Quando o trabalho começava, a parteira esfregava a barriga da mãe com bálsamo para aliviar o nascimento. Conforme o trabalho progredia, a senhora mudava-se para um banquinho de parto e, eventualmente, tinha seu bebe sentada em uma cadeira. Após o nascimento as parteiras limpavam os recém-nascidos e os ungiam com sal e mel. Se o bebê nascia morto ou morrendo, elas também tinha a autoridade da igreja para os batizar.
Depois que o bebê nascia, uma dama de alto escalão era enviada para dar ao rei a notícia do parto seguro, sexo do bebe e se este era saudável. As crianças eram geralmente batizadas dias após o nascimento. As rainhas não costumavam ir ao batismo de seu filho uma vez que eram obrigadas a permanecer em sua câmara de resguardo por mais seis semanas até que fossem "purificadas" em uma cerimônia da igreja, que lidava com processo julgado confuso e imundo de dar à luz. Felizmente para a história, a maioria das rainhas Plantagenetas foram extremamente férteis.
    
► Eleanor de Aquitânia deu à luz 10 filhos - três filhos foram coroados Rei e suas filhas casaram-se com reis, duques e condes por toda a Europa.
    
► Isabella de Angoulême, que casou com o rei João, aos 12 anos lhe deu cinco filhos e se casou novamente depois de sua morte. Ela tinha 30 anos. Casou-se com Hugh da Lusitana e teve mais nove filhos!
    
► Philippa de Hainault, esposa de Edward III, deu-lhe nove filhos, dos quais 5 filhos que plantaram as sementes para a Guerra das Rosas.
    
► Cecily Neville, mãe de Edward IV teve 7 filhos ... e a esposa de Edward, Elizabeth Woodville, deu-lhe oito filhos depois que ela já dado à luz a dois filhos por seu primeiro marido, John Grey.

 Temos a sorte de saber tanto de parto na Idade Média, graças principalmente a Lady Margaret Beaufort, sogra de Elizabeth de York. Mesmo Margaret tendo apenas um filho, Henry Tudor (Henry VII) aos 13 anos, a fim de preparar sua nora, Elizabeth de York, para o nascimento da mais alta importância do herdeiro Tudor, ela anotou as práticas de parto em um livro de etiquetas reais, que sobrevive até hoje. 

Não sei vocês, mas eu não gostaria de ser trancafiada em uma sala abafada, cheia de fumaça durante 2 meses e meio. A idéia de um mês de descanso antes do parto também não me parece muito atraente.

Legenda das imagens: 
Imagem 1: gravura da camara de resguardo.
Imagem 2: gravura do rei visitando seu filho recem-nascido.
Imagem 3: representação do parto real na minisserie da BBC "The White Queen". 

Artigo traduzido majoritariamente de: 
E - Royalt https://e-royalty.com/lifestyles/preparing-for-your-royal-baby-medieval-style/

0 comentários: